6 de ago. de 2012

VIII SESC FEST ROCK - UMA NOVA ATITUDE, UM NOVO CAMINHO PARA O ROCK RORAIMENSE


Por Victor Matheus - Blog Roraimarocknroll

Há 11 anos atrás, um garoto de apenas 15 anos, muitas espinhas na cara, usava jeans rasgado, all star sujo, uma boina usada do avesso e uma camisa verde com estampa do Che Guevara. Seus dedos eram cheios de anéis com temas “metálicos”, os cabelos desgrenhados, enormes, lembravam um guitarrista americano, que usava cartola, tinha aptidão por cigarros, drogas, mulheres perigosas, confusão, e andar de bicicleta pela cidade, tombando velhos tambores de lixo, ouvindo muito AC/DC, Black Sabbath, Guns N' Roses e Kiss no seu disc-man era o passatempo mais divertido na sua vida. 

Neste mesmo tempo esse garoto assistiu o 1º festival de rock de sua vida, o lendário e seminal RORAIMA FEST ROCK, realizado na quadra de futsal da praça Ayrton Senna, ao lado do guaraná do Marivaldo, organizado pela galera da banda Garden, LN3 e amigos que uniram força e realizaram o 1º grande festival de rock que se tem notícia em Roraima, aberto ao público, com uma superestrutura, palco gigante, bandas do AM e RR, ao ar livre, com a grama para sentar e muita história para contar em mesas de bares quando os remanescentes dessa época se encontram. 

Onze anos depois, a cena rock de RR evolui significativamente. De lá pra cá a história do rock roraimense tem sido forjada com ciclos de altos e baixos, momentos épicos, outros para esquecer, mas todos fundamentais para nos trazer até onde estamos hoje e presenciar o renascimento do mais tradicional, importante e até agora melhor festival de rock de todos os tempos que Roraima já recebeu, o VIII Roraima Sesc Fest Rock. Como sempre costumo dizer para as pessoas que encontro pela vida, para entendermos quem somos hoje e o que queremos amanhã, devemos olhar para atrás, refletir, apontar nossas falhas, resgatar o que há de bom e caminhar para frente, arriscar e não ter medo os tropeços. Foi justamente isso que aconteceu durante os 2 dias no Sesc Mecejana, um novo recomeço para o rock roraimense, e parafraseando o próprio evento, UMA NOVA ATITUDE! 

A PRODUÇÃO 
Unindo força de trabalho e resgatando o espírito de união

Para a edição 8 do festival, o SESC RR e sua gerência de Cultura tiveram o reforço de peso de todos aqueles que ajudaram a construir a história do rock roraimense na produção do evento. Rafael Inforzato, baixista que atua desde 2007 na cena rock e hoje integra a banda Konvictus, foi convocado para organizar o evento e dar suporte as bandas locais. Já a galera da banda Garden, os mesmos que capitanearam a produção do “1º fest rock” e junto com outras bandas e agitadores em parceria com o Sesc RR deram gênese ao Espaço Rock do Sesc RR e o RR Sesc Fest Rock colaborou na articulação com as bandas nacionais que integrariam a programação mais pesada de todas as edições até então, e muitos colaboradores “Anônimos” que de alguma forma ou de outra, seja emprestando equipamentos, dando suporte técnico e logístico, divulgando nas redes sociais, deram sua contribuição para o evento alcançar o sucesso e resgatar o status de maior de todos os festivais de Roraima. 

Seguindo o lema desse ano - UMA NOVA ATITUDE, a estrutura do festival passou por mudanças que foram fundamentais para torná-lo o sucesso que foi. A estrutura do festival passou para a área externa do Sesc Mecejana, com 2 palcos, sendo o principal batizado de Tepequém, recebendo shows das bandas nacionais e bandas locais de mais destaque na cena rock roraimense. Diga-se de passagem, que palco incrível! O som alto e bom pra c******; Estrutura de iluminação impecável! Um telão de Led gigante colocado no fundo do palco que deu os ares dos festivais de música de verão da Europa, fazendo de cada show que passou por ali uma verdadeira experiencia audiovisual, tornando tudo mais grandioso, saboroso de assistir e incrivelmente psicodélico. É bom demais ver as sementes dando frutos. 

Ao lado do gigante palco Tepequém estava o palco Maloquinha, apelidado carinhosamente de Xuxuzinho, com estrutura menor mas ainda assim não deixando nada a desejar ao palco principal, calando a boca dos pessimistas, sem lastro algum de relevância que andaram duvidando da capacidade, competência e profissionalismo da equipe do Sesc em disponibilizar um palco que atendesse as necessidades das bandas que ali tocaram, entre elas bandas locais autorias e shows especiais em homenagem a grandes bandas de rock, como Guns N' Roses, Slipknot, Pantera, S.O.A.D, R.A.T.M, fazendo os mais nostálgicos e headbanguers relembrarem de outro festival, o Rock in Rio. Isso não soou prepotente de forma alguma, e mostrou que podemos prestigiar bons shows autorais e covers em Boa Vista. Quem ganhou no fim de tudo foi o público com a programação diversificada unindo o cover e o autoral. 

A mini rampa de skate voltou a protagonizar um evento de rock também. Um charme a parte, a “mini hemp” saciou a sede de um dos públicos mais fieis de todos os tempos dos eventos de rock do Sesc, a galera do SK8, que juntamente com os headbanguers da “praça” e do 13 de setembro fizeram a festa e agitaram pra valer nos shows que rolaram nos dois dias de evento. 

A estrutura do festival ainda contou com stand de patrocinadores, área de alimentação, camarins abastecidos generosamente para as bandas, banheiros bem localizados, área coberta para eventuais imprevistos meteorológicos e uma área ampla para circular e até relaxar deitado na grama no intervalo dos shows. 

O hasteamento da bandeira do Festival deu outro diferencial a história do Sesc Fest Rock. O simbolismo daquele momento durante a programação do evento significou muito mais do que apenas um ato “patriótico” dos roqueiros, resgatou naqueles que estão na ativa na cena rock desde “sempre” novamente o espírito de união, camaradagem, respeito e solidariedade em prol de algo maior, o rock n'roll. 

Uma das cenas mais marcantes para mim durante o evento, e que representa perfeitamente o que é esse espírito de equipe foi presenciar absolutamente todos que ali circulavam respeitando o espaço do próximo, e ver que do auxiliar de serviços gerais, até o nosso eterno padrinho do rock roraimense, Kildo Albuquerque juntando latas vazias do chão e recolhendo ao seu devido lugar para a reciclagem, mostrou que não importa a função que se está exercendo num trabalho como este, o importante é colaborar, arregaçar as mangas e fazer acontecer. 

A PROGRAMAÇÃO 
Tudo junto e misturado, respeitando o trabalho de todos 

A programação dos festivais de rock do Sesc sempre deu motivo para muitos debates acalorados. De um lado a cena autoral, reivindicando apoio ao seu trabalho, mais espaço e reconhecimento. Por algum tempo o evento abraçou a ideia de só colocar bandas autorais locais para tocar no mesmo, mas por conta de questões pouco profissionais da parte de alguns colaboradores, a proposta do festival ser apenas para bandas autorais tornou-se inviável, parte por falta de competência das bandas selecionadas, de qualidade duvidosa e só estarem ali por motivos rasos.

Do outro lado, há a cena cover, sem dúvida importantíssima para a evolução do cenário rock local, afinal foi do cover que surgiram diversas bandas legais que hoje tem seu trabalho próprio paralelamente ao cover sem causar qualquer tipo de atrito, refletindo nossa cena ainda pequena, com diversas vertentes e um público extremamente heterogênico. Há espaço para todos e a programação apresentada na edição deste ano deu um singelo chute na bunda dos hipócritas da cena rock local, que acham que só banda autoral tem lastro, ou só banda cover tem lastro para tocar. Digo uma coisa, banda boa (cover ou autoral), profissional e competente tem lastro pra tocar em qualquer lugar e meio metro de rola com pimenta no cu de quem prefere fazer polemica quanto a esse assunto. Para aquelas bandas que ainda não chegaram a esse ponto de suas carreiras devem trabalhar e evoluir que o processo de amadurecimento chega naturalmente para todos. Não sintam-se menosprezadas ou diminuídas por não terem participado na edição deste ano. Absorvam a experiência, inspirem-se e trabalhem que naturalmente o reconhecimento chegará e convite para tocar no festival também... Enfim, que graça teria a vida, o mundo, se tudo fosse igual? 

A programação desse ano do festival veio resgatar o passado e os bons tempos de Fest Rock, trazendo para a mesma mesa para comer juntos os dois lados desse “cabo de guerra” ridículo e mesquinho que ainda assombra nosso cenário. Acredito que depois desse Festival, o público e as bandas da cena roraimense compreendam finalmente que a competição deve permanecer somente em cima do palco, com o melhor show, a melhor música, a melhor performance, a melhor estrutura, e fora dele o espirito de união deve prevalecer, com todos os interessados e beneficiados se ajudando. A força de trabalho de várias mãos sempre será maior de que um ego gorducho, invejoso, mau caráter e solitário. 

Por conta disso, as principais bandas locais autorais foram convidadas. Bandas “de proveta” foram montadas para shows tributo especiais, e outra reclamação constante do publico foi atendida com louvor pela produção do evento, a volta do metal em peso ao festival, provando que o mesmo ainda é o carro chefe do evento, atraindo o maior publico, mais participativo e legal de ver num evento como este. Os 'true” ainda merecem o título de verdadeiros roqueiros, na atitude, no visual e no discurso. A veia rocker ainda permanece viva no publico roraimense, e de uma vez por toda aquela chatice toda e bla bla bla de alternativo acabou no Fest Rock. Amém. 

OS SHOWS
Altos decibéis, boas performances e um palco xuxuzinho de se ver 

Não vou aqui me estender muito sobre os shows, até porque não assisti a todos e outros colaboradores estarão publicando aqui mesmo no blog a resenha das apresentações, mas ainda assim vale a pena ressaltar alguns dos maiores destaques do evento. Das bandas covers/tributo, os maiores destaques ficam para a HAADJ num show especial ao Guns N' Roses que inflamou a platéia que se apertou no gargarejo do palco “xuxuzinho”. Destaque também para a banda Konvictus que mais uma vez detonou num show especial só com músicas do Slikpnot. O vocalista Carlos Augusto ainda fez uma participação na noite anterior no show da banda Carro Bomba, proporcionando outro momento emocionante de tantos que aconteceram no festival. 

Do lado autoral, os veteranos da banda Garden entregaram um show intenso, bom de se ouvir e assistir, mostrando o resultado de longos anos de estrada. Nós da Veludo Branco tivemos a honra de abrir o palco Tepequém, e para nós, a performance no Fest Rock foi uma das mais incríveis e inesquecíveis de nossa vida. Se foi bom para o publico não sei, mas para nós, está definitivamente gravado em nossa história como um dos melhores momentos de nossa carreira. Já banda A Coisa apresentou mais uma vez o melhor show entre as bandas locais e um dos 5 melhores de todos os 20 que aconteceram durante os 2 dias de festa. Mr Gal é o maior showman do rock roraimense de todos os tempos e nós o reverenciamos com admiração. Mr Gal tem lastro e ponto final. (risos). 

E o que falar das atrações nacionais? Eu prefiro deixar para os comentários do público. Eu como fã de som pesado também, sou suspeito para falar então prefiro resumir numa simples frase o que foram todos os shows das atrações de fora: Porrada na orelha, cervicais “moídas” e aparelhos auditivos danificados por um bom tempo de nossas vidas! 

O QUE FICA? 

É difícil terminar estas linhas e tentar resumir e expressar meus sentimentos quanto a experiência do último fim de semana no Roraima Sesc Fest Rock. Eu senti novamente bater no meu peito um orgulho imenso em fazer parte da história do rock roraimense. Relembrei tudo que aconteceu na história do rock local desde aquele ponto lá no começo dessa jornada, quando eu apenas tocava minha guitarra sozinho em casa, ou com minha banda Papa Velhas e sonhava tocar num palco gigante como aquele que vi na praça Ayrton Senna. Sinto-me, assim como a banda Veludo Branco, uma honra imensa em ter participado desse festival. Sinto-me muito feliz e orgulhoso de também fazer parte da história e construção do maior festival de rock de Roraima, de forma direta tocando, e indireta apoiando de todas as formas que estão ao meu alcance o evento. e sinto mais ainda orgulho de ver que todos os sonhos são possíveis de se realizar na vida, e que o espírito de união, trabalho em equipe, respeito e acima de tudo propósito por uma causa maior, a música, o rock n'roll, as bandas de rock, o público, o Sesc o nosso amor pela força motriz que embala a vida de muitos que igualmente a mim e que não vivem sem o rock n'roll em suas vidas prevaleceu nesses dias. 

Espero que as energias continuem fluindo assim daqui em diante pois a roda continua girando. Parabéns ao Sesc Roraima e toda sua equipe de trabalho, colaboradores (banda Garden, Rafael Inforzato) aos “anônimos” que de alguma forma ajudaram a fazer o festival o sucesso que foi e especialmente a um cara que defende e ama o rock ao ponto de fazer o impossível e arriscar sempre para fazer acontecer o Fest Rock, o nosso querido Kildo Albuquerque. Sem o apoio desse fomentador da cultura rock e o Sesc Roraima, certamente as bandas de RR ainda estariam tocando somente em praças com equipamento ruim, festinhas de aniversário e raros eventos locais. O Roraima Sesc Fest escreve um novo recomeço em sua história, e nos dá muito orgulho poder presenciar e fazer parte de mais esse capítulo da história do rock roraimense. Que venha o próximo passo, melhor ainda do que esse, com mais lastro. 

Fecha a conta.

3 comentários:

Anônimo disse...

simplesmente foi foda pra nos da banda Reclive . estamos muito agradecidos também./will

Spirits Mad disse...

powww tambem achei muito foda a e rock é uma cultura pouco tratata aqui em Boa Vista Mais vou Sai com otimas lembraças daqui e boas lembraças esse sesc rock foi foda mesmo....

Anônimo disse...

o festival foi foda. o texto tambem tá legal pra porra. parabens